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Regresso às origens - A Rota da Transumância de Val de Poldros (Monção)

O primeiro post deste blogue dedico-o a um dos meus locais preferidos em todo o Alto Minho Romântico: a Branda de Santo António de Val de Poldros, em Riba de Mouro, Monção.

Situada num das serranias mais altas do concelho, a viagem só fica longe nas nossas mentes, pois é possível chegar a este local de eleição em cerca de 45 minutos desde a sede do concelho. Passar um dia junto divertido a um dos mais belos locais de montanha junto à Serra da Peneda, mesmo às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês é motivo para pegar na família inteira (na sua autocaravana ou no seu jipe ou carro) ou mesmo a dois e partir à aventura!

 

Nesta altura do ano, a Branda tem particular encanto: os carvalhos, os vidoeiros e os castanheiros conferem à paisagem a sensação do passar das estações, com o outono a anunciar-se com todo o seu charme! A viagem é imperdível e, apesar dos incêndios do verão terem chamuscado algumas zonas, a experiência mantém todo o interesse, a poder-se refrescar a boca em Fonte Boa, quase a chegar à branda.

 

A Branda mantém a sua pachorrenta vivência desde há centenas de anos, e as cardenhas - as construções primitivas que serviam de abrigo de verão a quem trazia o gado no estio - dão ao conjunto uma sensação de solidez e de nostalgia, existente porventura noutras brandas dos Arcos de Valdevez. Este é um local de eleição, onde se notam as origens do nosso sistema agro-pastoril já a partir do final do século XVI: no alto das serranias criava-se o gado, enquanto que nas aldeias do sopé da montanha (e desta branda em particular situavam-se em Riba de Mouro e Tangil) o milho crescia até Setembro, altura em gado voltava a estas paragens para rapar os lameiros e encerrar a temporada na montanha. Para se perceber melhor a rota da transumância, veja-se a reportagem do Porto Canal, com entrevistas a três antigos brandeiros (http://portocanal.sapo.pt/noticia/86804)

 

Hoje a branda tem apenas um habitante: Fernando, o dono do restaurante que dá vida à branda. Bom, na verdade o Kelson tem sido o companheiro inseparável no restaurante de eleição, que serve a melhor carne de cachena do Alto Minho, junto ao mais espectacular caldo de saramagos (quando os há!), complementado pelo bucho doce coberto de mel! Um sítio como poucos, o restaurante tem tido fama recentemente através das reportagens da TVI com o Paulo Salvador a fazer reportagem. (https://www.youtube.com/watch?v=bw3otb50IXo). Localmente, o restaurante ganhou o Prémio de Melhor Restaurante (fora da Vila) em 2015 na edição dos Prémios Turismo de Monção.

 

Mas Santo António tem mais do que cardenhas e restaurante: apesar de alguns atropelos que se fizeram nos últimos anos (leia-se construções modernas pouco ou nada integradas no conjunto), é possível caminhar e fazer o Trilho do Brandeiro seguindo os ensinamentos dos Elos da Montanha, que conhecem a montanha como ninguém. Se quiser fazer um piquenique, observar os poldros (ou potros) dos garranos que abundam na serra e comungar com a Mãe-Natureza, então Santo António é o local romântico para si! E nem sequer falta a capela, onde muitos namoricos começaram e hoje se mantêm em casamentos firmes e brindados com filhos!

 

O futuro não se avizinha fácil para um local como é a Branda de Santo António Val de Poldros. Felizmente as gentes locais gostam demais dela para a deixarem perder o seu encanto. Para além das corridas de cavalos e da novena na altura do santo padroeiro, está em marcha um plano para que se faça a devida vénia aos construtores anónimos que, com a rota da transumância que se pratica desde a Idade Média, escreveram o seu nome na memória colectiva. O Alto Minho Romântico congratula-se por esta homenagem e estará por certo a acompanhar a nova vida da Branda.

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